Nas ondas da inovação
Como o surf e a inovação se complementam
Fonte: http://iml.jou.ufl.edu/projects/spring04/britton/history.htm
Aos 13 anos conheci o surf. E só
agora, escrevendo me dei conta que já se passaram 30 anos. E com esse tempo,
cheio de “intervalos” por motivos diversos confesso que não consegui ser um bom surfista, ainda. Sou apenas ... esforçado. Ah, e não estou postando no lugar errado
não, sei que aqui não é o Facebook. Mas surf e inovação tem forte relação por
vários pontos de vista e por isso resolvi escrever sobre isso.
Primeiro o próprio surf, que teve
suas origens no século XV quando polinésios deslizavam nas ondas na atividade
da pesca e no Hawaii reis e rainhas eram os únicos que podiam surfar em pé. O
surf foi redescoberto no século XX, por jovens em busca de adrenalina.
Hoje a indústria do surf movimenta
cerca de 10 bilhões por ano somente no Brasil, em moda, equipamentos e acessórios, sem
contar o impacto no Turismo. Já foi em Garopaba, SC? Além da questão
econômica o surf tem um forte impacto no estilo de vida das pessoas, e não só
nas regiões litorâneas.
Na indústria do surf é inovação
atrás de inovação. O principal equipamento, a prancha, que no início era de
madeira, passou por uma inovação de ruptura com as pranchas de fibra, e hoje
tem forte impacto da inovação no processo de fabricação com o uso de máquinas
de usinagem e modelagem em sistemas CAD/CAM. Novos materiais também são
testados diariamente: fibra de carbono, kevlar, resinas especiais, madeira (uma
volta ao passado e/ou busca da sustentabilidade). Sistemas informatizados de
previsão das condições para o surf (altura, direção e qualidade das ondas)
baseados em modelos matemáticos complexos vem sendo cada vez mais
aperfeiçoados. Novas tecnologias são usadas para registrar imagens dos
surfistas em ação e transmitir etapas dos campeonatos ao vivo nas mais diversas
plataformas. Um dos mais famosos surfistas, Kelly Slater, criou e aperfeiçoou
um equipamento que permite transformar uma lagoa em uma fábrica de “ondas de
sonho”. Quando se popularizar, deixando de se invenção e se consolidando como
inovação, vai popularizar ainda mais o esporte, permitindo a prática do esporte
longe do mar!
Mais há outro aspecto que
considero ligar o surf à inovação que é o comportamental. Outras modalidades,
tanto individuais como em equipe tem como principal meta a vitória, seja no
esporte competitivo ou na pelada do fim de semana. É ganhar, se possível
fazendo bonito. Ninguém entra em um jogo para perder, mesmo que seja o joguinho
do condomínio. Já no surf, como em outros esportes ditos “radicais” a
performance, a qualidade das manobras, a evolução pessoal, conta tanto quanto a
vitória. Tanto que vários surfistas deixam as competições e ganham milhares de
dólares como freesurfers (surfistas não competitivos) patrocinados por marcas
que acompanham suas viagens pelo mundo para uso como publicidade, inclusive com
filmes de alta qualidade de imagens e roteiros bem elaborados (dá uma olhada no Canal OFF da TV por assinatura).
E há muita prototipagem no surf.
O shaper, aquele de dá forma à prancha cria um novo modelo, específico para
determinado tipo de onda e surfista, vai para a praia usar ou coloca na mão do
atleta patrocinado, podendo verificar de imediato se tem a performance
esperada. O mesmo vale para as quilhas, parafina, roupas para uso no esporte e
vários outros. Na indústria do surf prototipagem rápida é algo já enraizado há
décadas. Há também forte exercício da empatia, já que os fabricantes de
pranchas, e criadores das principais marcas de surfwear são, quase sem exceção,
surfistas, que vivem o esporte (ou o estilo de vida). Empatia, experimentação, prototipagem, buscando criar uma experiência única para o surfista (usuário), criando algo desejável, executável e viável economicamente! Ta aí a receita da inovação!
Com isso quero dizer que o
surfista é um inovador por natureza. Está sempre buscando romper os limites
estabelecidos (seus próprios, ou do esporte para os mais avançados). E assim
como quem busca inovar, tem várias barreiras para romper: as condições da
natureza (ondas, ventos, temperatura da água ... tubarões), o equipamento, a condição
física e as lesões. Quantas vezes o surfista acorda de madrugada, viaja por
horas e ao chegar ao local as condições das ondas não são boas, e ainda a água está
gelada (até porquê onda boa é no inverno)! E isso se repete muitas e muitas vezes ao longo dos anos. Alguns
desistem, deixam para trás um esporte da juventude, mas outros não, continuam na busca da superação pessoal ou simplesmente da pura diversão em contato com a natureza. Tudo a ver
com o perfil inovador nas empresas não?
Ah, se nunca surfou, nunca é
tarde! Boa ondas!
E se por acaso nunca contribui com novas
soluções em alguma das organizações pelas quais passou, ainda há tempo, basta
começar, mas não espere muito não! Boas inovações!
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