A contradição entre URGENTE x IMPORTANTE e o impacto na inovação
O foco excessivo naquilo que é considerado URGENTE impede que se atue no que é IMPORTANTE.
Dia desses eu estava
conversando com um empresário do ramo de software. Falávamos sobre
a questão da inovação, em particular sobre a dificuldade das empresas de
pequeno porte em manter a cultura da inovação diante das demandas do dia a dia.
Comentei com ele do dilema
do URGENTE x IMPORTANTE. Muitas horas são gastas no atendimento às demandas do
cliente, solicitações de suporte, implantação de novas funcionalidades para
atender necessidades específicas, tratamento de reclamações. E pouco tempo se despende na análise do cenário, das tendências do mercado, de oportunidades
para criar algo novo e significativo (= inovação).
A condição de existência de
pouco tempo dedicado ao IMPORTANTE e excesso de foco no URGENTE é comum em
grande parte das organizações. As causas são diversas. Vale a pena destacar
algumas delas. Escolhi três que considero importantes:
Falta
de definição do que realmente é importante
Se apenas forem valorizados apenas
resultados de curto prazo, como os atrelados com a redução de custos, e os que
buscam medir a satisfação dos clientes atuais, dificilmente as pessoas vão usar
parte da energia para buscar inovar, ou para encontrar meios de atender perfis
de clientes que ainda não são contemplados. É importante satisfazer os clientes
atuais, mas sem deixar de se perguntar o que atrairia os não-clientes.
Cultura
de desvalorização do “pensar” e supervalorização do “parecer ocupado”:
Faça um teste. Fique parado,
em seu local de trabalho, por duas ou mais horas, refletindo sobre novas formas
de realizar seu trabalho, ou sobre modificações significativas nos produtos de
sua organização, sem executar nada, sem digitar, sem ler e-mails, sem falar ao
telefone.
É “muito” provável que as
pessoas as seu redor achem estranho, e que pensem que você está sem fazer nada.
Seu chefe provavelmente vai lhe passar uma tarefa nova, já que está com tempo
livro. Você mesmo deve se sentir desconfortável por estar “pensando” ao invés de
“agindo”.
Esta cultura de executar ao
invés de planejar é valorizada nas empresas. Trabalhar horas além do expediente
normal normalmente conta mais pontos do que fazer um bom planejamento, ou
implantar uma ideia que traga benefícios. Gestores e demais colaboradores devem
agir para mudar essa situação.
Utilização
de recursos críticos para atividades triviais:
Certa vez em uma pequena
empresa do ramo de TI me disseram que não teriam como dar continuidade às
reuniões semanais sobre gestão da inovação pelo excesso de demanda para
atendimento às solicitações de clientes. Estas solicitações eram atendidas
praticamente em fluxo contínuo, ou seja, cliente solicitava, alguém avaliava
viabilidade “técnica” e implantava. Praticamente não se parava para pensar se a
alteração era realmente necessária, e se era o momento adequado para implantar.
Outra questão nessa mesma
empresa é que o mesmo profissional sênior que havia desenvolvido o sistema, e
que era o responsável por implantar novas versões e funcionalidades críticas, fazia
esse tipo de atendimento. Questionei se
não seria mais adequado contratar um profissional de menor experiência para
atender as demandas mais simples, liberando tempo para o profissional sênior se
dedicar à inovações mais significativas, e eles acabaram concluindo que seria
interessante, implantaram e conseguiram implantar uma série de inovações.
Fica então a dica de tratar
as pessoas críticas como gargalos no processo de inovação, e a partir daí usar
os princípios da teoria das restrições para liberar capacidade destes recursos,
a fim de deixar fluir a inovação.
E você, que outras causas ou
fatores que fazem com que o IMPORTANTE seja sufocado pelo URGENTE, impedindo a
empresa de inovar?
Um abraço,
Paulo Dias
engpaulodias@yahoo.com.br
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